Nos cineclubes, as exibições de longas e curtas-metragens de diversos gêneros já estão a todo vapor, com sessões reservadas para estudantes e professores e também sessões abertas às comunidades e/ou estudantes de escolas vizinhas. Em 2018, a Rede Cineclube já conta com 23 Salas de Exibição instaladas em escolas públicas e centros culturais de 12 cidades da região, oferecendo um potente circuito alternativo de acesso à produção cinematográfica nacional.
OFICINAS DE FORMAÇÃO E CURADORIA:
Cada cineclube é gerido por um coletivo de estudantes e professores, que tem autonomia na escolha da programação dos filmes e planejamento das exibições. Nessa missão, os coletivos contam com o apoio da equipe multidisciplinar do Projeto Escola Animada: Iano Oliveira, historiador e fotógrafo (Leopoldina); Luiz Leitão, professor e historiador (Cataguases); e Rafaella Lima, assistente social e produtora audiovisual (Visconde do Rio Branco).
(Coletivo do Cineclube Rosário da Limeira – Rosário da Limeira – Escola Escola Estadual Cônego Américo Duarte)
(Coletivo do Cineclube Volta Grande – Volta Grande – Escola Estadual Capitão Godoy. Estudantes em visita ao em visita ao Rancho Alegre, antigo estúdio do cineasta Humberto Mauro, em Volta Grande).
(Coletivo Cineclube Itamarati – Itamarati de Minas – Escola Estadual Isa Moraes de Freitas)
Essa equipe de mediadores locais percorre os 23 Cineclubes promovendo ações de formação, onde se destacam as oficinas de gestão, curadoria, mobilização e difusão. Além desse trabalho compartilhado, cada mediador é responsável direto por uma micro região, o que lhe permite realizar encontros mais frequentes e uma interlocução mais próxima com os coletivos.
Luiz Leitão é o responsável pelos nove cineclubes situados em Cataguases (5) e Muriaé (4). Ele afirma que as oficinas de gestão buscam estimular o protagonismo dos jovens e que as respostas a esse trabalho são muito positivas: “Alguns cineclubes já estão atuando de forma autônoma, o que eu sinalizo como resultado do trabalho que a gente vem realizando.
Um exemplo é o Coletivo do Cineclube Criarte, da Escola Estadual Santa Rita (Além Paraíba), que participou de uma experiência colaborativa de produção de mini-metragens promovida pelo Projeto Escola Animada dois anos atrás. Agora em 2017, a Prefeitura de Além Paraíba venceu o Edital Exibe Minas, promovido pela Secretaria de Cultura de Minas Gerais, onde a contrapartida era a produção de um curta-metragem. Por sua experiência anterior, os convidados para produzir esse curta-metragem foram os estudantes do Coletivo Criarte, que fizeram roteiro, filmagens, edição e sonorização”, relata Luiz Leitão.
“E esse caso está longe de ser isolado, temos diversos coletivos com iniciativa para dinamizar seus Cineclubes. O Cineclube Cinelife, da Escola Municipal Professora Carmelita Guimarães, Cineclube Stella Perez Botelho, do Museu Energisa, e o Cineclube Silvio Tendler, do Colégio Cataguases, todos em Cataguases, são destaques pela programação de filmes diferenciada, pela capacidade de mobilização e frequência do público. No Cineclube Volta Grande, da cidade de mesmo nome, terra natal do cineasta Humberto Mauro, os estudantes têm interesse em realizar um Festival de Cinema, com apoio da equipe Escola Animada”.
(Cineclube Silvio Tendler – Cidade Cataguases – Colégio Cataguases. Exibição do filme “Elon não acredita na morte”, do diretor Ricardo Alves Júnior, seguida de debate com os realizadores).
Rafaella Lima é mediadora nos oito cineclubes situados em Visconde do Rio Branco (2), Cataguases (2), Itamarati (1), São Sebastião da Vargem Alegre (1), Rosário da Limeira (1) e Ubá (1). Ela fala sobre a abordagem dos mediadores junto aos coletivos e a metodologia usada nas oficinas de curadoria: “Cada cineclube tem uma especificidade, uma demanda, uma realidade por trás. Nosso papel é identificar essas diversas realidades e ajudar a construir uma leitura de cada território educativo. Assim, os coletivos jovens constroem a identidade de seu cineclube.”
Rafaella conta que a equipe de mediadores locais desenvolveu uma metodologia especial para esses encontros: “Nós exibimos diversos trailers de filmes e os estudantes apontam quais querem exibir, quando e o porquê. Sempre estimulamos a argumentação para além do “sim” ou “não”, refletimos sobre as escolhas, os temas abordados e qual o público preferencial para esses filmes. Logo eles são capazes de construir essa relação, por si mesmos”.
Destaque em Visconde do Rio Branco, no Cineclube do Conservatório de Música, são as sessões semanais com presença de estudantes da rede municipal de ensino, resultado da parceria da Escola Animada – Rede Cineclube e a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura local. Cada sessão reúne um público de aproximadamente 130 crianças.
(No Cineclube do Conservatório de Música, crianças de escolas municipais locais, após exibição do filme “Ernesto no país do futebol”, dos diretores André Queiroz e Thaís Bologna).
“É impressionante a desenvoltura que as crianças alcançaram nesses quase dois anos de parceria! Depois que o cinema passou a fazer parte da rotina deles, as colocações que fazem sobre os filmes ficaram mais aguçadas, eles relacionam as histórias com a própria vida, observam detalhes dos personagens. No início eles tinham vergonha de comentar e não passavam do “gostei” ou “não gostei”, conta Rafa.
O sucesso da iniciativa levou à abertura de mais uma sala de exibição do Projeto Escola Animada Rede Cineclube: o Cineclube do Museu, resultado da parceria com o Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.
Iano Oliveira acompanha os sete cineclubes situados em Leopoldina (3), Volta Grande (1), Além Paraíba (1), Miraí (1) e Juiz de Fora (1). Para ele, os cineclubes já se consolidam como espaço de ampliação do vocabulário cultural da comunidade escolar e de aprofundamento da relação de ensino-aprendizagem através do cinema na escola.
“Já em 2017, percebemos a disponibilidade dxs jovens da Rede Cineclube para ver o diferente, de ter acesso a obras que promovam reflexão e pensamento crítico em relação aos temas e conflitos da atualidade. Esse interesse casa bem com a proposta do Projeto Escola Animada – Rede Cineclube, que constitui um espaço privilegiado de acesso a filmes que estão fora do circuito comercial de televisão e salas de cinema. E em 2018 observamos um amadurecimento dos coletivos nessa busca por novas narrativas que permitam uma melhor compreensão das diversas realidades”, observa Iano.
“Diante disso, entramos em contato com alguns realizadores brasileiros para exibir seus filmes nos Cineclubes e conseguimos constituir um ‘catálogo’ de curtas e longas-metragens recém-lançados, que dá conta de perceber a diversidade das questões ligadas ao mundo contemporâneo, a partir da perspectiva da promoção das igualdades”.
Festa Literária de Leopoldina
Um destaque no período foi a realização de uma Ação Educativa na Festa Literária de Leopoldina – Flileo, envolvendo a parceria com o Projeto Escola Animada – Rede Cineclube, Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais e Escolas Municipais de Leopoldina. Realizada em Leopoldina, em maio, a Festa Literária de Leopoldina ofereceu uma programação cultural diversificada, com atividades de literatura, música, teatro, dança, cinema, palestras e arenas de debate.
Entre elas, a exibição do longa-metragem “O Menino no Espelho”, do cineasta Guilherme Fiúza, inspirado em obra do escritor mineiro Fernando Sabino. Rodado com o apoio do Polo Audiovisual da Zona da Mata, em Cataguases e Leopoldina em (2012), o filme foi um sucesso, atraindo cerca de 70 estudantes e professores da rede de ensino do município, em um total de 400 pessoas nas seis sessões realizadas.
O projeto ESCOLA ANIMADA é uma iniciativa do Instituto Fábrica do Futuro, em parceria com a Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, com patrocínio da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.
Ela é muito importante para melhorarmos nossos serviços
0 Comentários