Na “Semana da Consciência Negra”, em novembro, o documentário “O LEVANTE DE BELA CRUZ”, foi destaque em eventos de pré-estreia nas cidades de Cataguases, Leopoldina e Juiz de Fora. Dirigido pela cineasta Elza Cataldo, o longa-metragem narra uma rebelião de pessoas negras escravizadas ocorrida em maio de 1833, um episódio não contado oficialmente na História do Brasil. O roteiro é de Elza Cataldo, Christiane Tassis e Pilar Fazito.
A revolta aconteceu nas fazendas Campo Alegre e Bella Cruz, propriedades da família Junqueira na região de Carrancas, no sul de Minas Gerais. O confronto dos escravos com os fazendeiros resultou em muitos mortos de ambos os lados. A região, que possuía um grande número de escravizados de origem africana, já vinha sendo palco de muitos conflitos entre estes e os fazendeiros locais.
Nesta história revelada agora no filme, Elza dá voz a historiadores, pesquisadores, antropólogos, negros e brancos, descendentes da família Junqueira, e moradores atuais da região. A obra teve consultoria do cineasta Joel Zito Araújo, e conta com performances artísticas dos artistas Maurício Tizumba, Sérgio Pererê, Dalton de Paula.
Sessão no Centro Cultural Humberto Mauro em Cataguases.
A pré-estreia marca a volta do Polo Audiovisual da Zona da Mata às salas de cinema, com exibições presenciais organizadas segundo protocolos sanitários das cidades de Cataguases, Leopoldina e Juiz de Fora. As sessões abertas ao público, seguidas de debates, contaram com a participação da diretora Elza Cataldo e de convidados, como historiadores e integrantes de movimentos sociais.
Sessão no Centro Cultural Mauro de Almeida em Leopoldina.
O “Levante de Bela Cruz” ficou também disponível no canal www.poloaudiovisual.tv , do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais e em outras plataformas digitais de 20 a 28 de Novembro, na “Semana da Consciência Negra”.
Sessão no Teatro Paschoal Carlos Magno em Juiz de Fora.
Em outubro, o documentário já havia sido exibido no 6º FESTIVAL DE HISTÓRIA – fHist, em Diamantina, evento que contou ainda com debates sobre o tema “Cinema e histórias não contadas”.
Para a diretora Elza Cataldo, “ao abordar um fato relevante do regime de escravidão no Brasil, acredito que o filme cumpra uma missão de combate ao racismo e como instrumento de diálogo na educação e na sociedade“.
Seguem outros depoimentos sobre o filme:
“Fiquei impressionado. Conseguiu mostrar uma coisa terrível e ao mesmo tempo conseguiu colocar reflexão, questionamentos e ainda trazer uma gota de esperança. Fico muito honrado e muito feliz em fazer parte dessa obra”. Dalton de Paula, artista plástico que criou para o filme o retrato do líder negro Ventura Mina.
“O documentário ficou lindíssimo e é um registro muito importante da História do Brasil. Confesso que me emocionei muito e me lembrei do poeta mineiro Adão Ventura, que fazia parte do grupo jovem do Suplemento Literário, acolhido pelos grandes Murilo Rubião, Affonso Ávila e Laís Corrêa de Araújo. Além da coincidência do nome foi o primeiro diretor da Fundação Palmares”. Cristina Ávila, historiadora da arte, professora e consultora.
“Uma honra participar de um projeto tão necessário como esse. E ao lado de pessoas tão importantes como Sérgio Pererê, Tizumba, Chiquitão, Maria Eunice, Hélio, Dalton de Paula, dentre outros. Assistam! Elza Cataldo, gratidão por estar conosco nessa tarefa diária de decolonizar”. Sidnéia Santos, historiadora e pesquisadora
“Filmaço, importante, inadiável, que além de suas qualidades como obra audiovisual, seja exibido em escolas e universidades pelo seu teor contestador e didático mesmo, recolocando no seu devido lugar a palavra do escravizado e o sentido do seu movimento em direção à libertação!”. David Tygel, compositor e diretor musical.
“Extraordinário, com bela fotografia. Destaco a delicadeza, sem frescura, que leva ao raro olhar composto. Um olho branco, um olho negro, equânimes e simultâneos, compondo um mesmo olhar. Acho que você supera a árdua luta pelo lugar do olhar. As falas pretas resvalam na descoberta de que falar em narrativas escravizadas é bem pouco. Escravizado é o olhar treinado nas crianças, de todas as cores, sob a chibata da educação e da hegemônica falta de alternativas. Fiquei matutando sobre algo que sempre me ocorreu. Um negro escravizado nunca seria um assassino, mesmo se quisesse, uma vez que ele é combatente em uma guerra permanente e cruel, e combatentes não assassinam, eles se defendem. E só a distância histórica desvela esse fato quando a guerra é desigual, injusta, e contada unilateralmente pelos poderosos. Seu filme é luz sobre isso, e deveria ser visto, e debatido, por todo educando preto em nossa terra. Parabéns Elza”. Paulinho Sartunino, sociólogo e professor universitário.
“Elza Cataldo como diretora, e a idealizadora do documentário Mônica Perez Botelho da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, merecem todo reconhecimento e aplausos, pela corajosa iniciativa e por nos possibilitar mais esta importante obra audiovisual brasileira. Um filme contundente e necessário que resgata um trágico episódio de nossa história, dentre tantos que não são contados em nosso país! Nós do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais nos orgulhamos de poder participar e empenhar esforços para fazê-lo chegar em todas as telas e lugares”. Cesar Piva, gestor cultural.
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