Diretora, produtora, roteirista e pesquisadora, a mineira Elza Cataldo busca, em sua obra, resgatar a presença e o protagonismo das mulheres na história do Brasil. Em 2021,a cineasta volta seu olhar para a história da atriz EVA NIL, musa do cinema mudo do Ciclo de Cataguases e estrela de filmes de Humberto Mauro, que alcançou um sucesso meteórico nos anos 20 do século passado.
Eva Comello, como era conhecida até então, era filha de Pedro Comello, diretor, fotógrafo e sócio de Humberto Mauro, outro jovem talento que entraria para a história do cinema brasileiro. Ela foi a grande estrela das primeiras produções audiovisuais de Mauro, em especial a partir de sua atuação no primeiro curta- metragem realizado no Brasil, a comédia “Valadião, o Cratera”. Outros filmes vieram consolidar sua carreira de atriz como: “Senhorita Agora Mesmo”, dirigido por Pedro Comello; “Na Primavera da Vida”, do diretor Reinaldo Mazzei, e “Barro Humano”, drama de Adhemar Gonzaga que teve grande repercussão.
Apesar do sucesso, esse foi o último trabalho de Eva Nil no cinema. Ela abandonou a carreira de atriz, deixou o Rio de Janeiro e retornou para Cataguases onde voltou a se dedicar à fotografia, retomando o sobrenome paterno, Comello. Eva trabalhou no laboratório fotográfico do pai durante décadas, nunca se casou, e morreu aos 81 anos, em Cataguases.
Em “O SILÊNCIO DE EVA”, Elza Cataldo se debruça sobre a história não contada na biografia de Eva Nil. O que a teria levado, após o grande sucesso dos filmes que protagoniza, a encerrar uma carreira promissora como atriz? A cineasta busca desvendar algumas questões que vão muito além da trajetória da atriz, e que são pertinentes à condição feminina e à presença das mulheres no Cinema naquele início de século.
Para ambientar sua história, Elza Cataldo escolheu locações na região central de Cataguases, onde se concentram as edificações, praças, jardins, residências, monumentos, esculturas e painéis que integram o Patrimônio Arquitetônico Modernista de Cataguases.
No elenco, Elza convidou a atriz Inês Peixoto e o ator Eduardo Moreira, integrantes do Grupo Galpão, para interpretar, respectivamente, Eva Nil e Pedro Comello. A filha de Inês, Bárbara Luz, irá interpretar Eva quando jovem. A produção do filme mobilizou dezenas de técnicos, produtores, artistas e outros profissionais, sobretudo da Zona da Mata mineira, mas também de outras localidades.
FOTOS: JONATHAS ABRANTES
TEXTO: BETH SANNA
VEJA ABAIXO O DEPOIMENTO DE ELZA CATALDO SOBRE A REALIZAÇÃO DO LONGA “O SILÊNCIO DE EVA”
“Ter participado do começo das atividades do Polo Audiovisual da Zona da Mata, em 2010, como coprodutora do filme Meu Pé de Laranja Lima, significa para mim uma mistura de orgulho e gratidão. Muitos anos depois, experimento os mesmos sentimentos ao participar da retomada das produções audiovisuais em Cataguases, depois do início da pandemia, como diretora, produtora e roteirista junto com Inês Peixoto e Christiane Tassis, do documentário O Silêncio de Eva.
Trata-se, dessa vez, de uma homenagem à Eva Nil, uma das mais importantes atrizes do cinema mudo brasileiro. Ao registrar os seus passos em Cataguases, onde ela viveu até oitenta e um anos, acabamos revisitando a cidade modernista que certamente encantou o olhar artístico de Eva, que além de atriz foi também fotógrafa como seu talentoso pai Pedro Comello.
Foi muito comovente reencontrar alguns membros da equipe local, que iniciaram sua formação junto com o Polo, já demonstrando competência profissional sem perder o modo afetivo cuja marca foi instaurada pelos queridos Mônica Botelho e Cesar Piva.
Vida longa ao Polo Audiovisual da Zona da Mata! Que o nosso ofício cinematográfico continue sua busca pela evolução técnica e artística, sem perder, nunca, a ternura da nossa convivência”.
Ela é muito importante para melhorarmos nossos serviços
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